Palavras me faltam
Sabe Pai, já tentei de todas
as formas expressar o que sinto por Ti, mas ainda não encontrei nenhuma palavra
que descrevesse tão bem tudo o que está aqui dentro. É como se todas as sílabas
se tornassem desnecessárias para a compreensão de todo o Seu amor. Eu fico
maravilhada em pensar que com Suas mãos desenhaste cada nuvem branquinha,
coloriste com um azul cor de infinito cada pedacinho do céu, fizeste com muita
delicadeza e apreço cada flor espalhada pelos campos. Todo o universo teve o
Seu toque singular, tudo a nossa volta possui o Seu amor da forma mais pura e
simples.
Tão sutilmente me agraciou;
ou melhor, nos deu o sopro de vida. Nos comprou a preço de sangue; por amor, por
amar. E de mim, nunca exigiu a perfeição, mas na minha imperfeição me pediu
simplicidade. Pois És meu, És lindo, Maravilhoso, Rei dos reis; És meu tudo.
Incontáveis são os adjetivos, mas são falhos, pois não preenchem Tua grandeza,
Tua majestade; És infinito. E em Tua infinidade de amor encontro paz, mesmo que
muitas vezes tenha apenas lágrimas em minhas orações; e embora meus vocabulários
não descrevam a Ti, eu sei, És Deus. És aquele que escuta meu clamor, És quem
inspira meus versos e autor da minha vida. Muitos dizem que estás em silêncio,
mas naquela noite, em alto e bom som, clamei que não sairia enquanto não
falasse comigo.
Os meus olhos cansados
puderam ver toda perfeição que existe em Tua face quando fiz aquela oração, ali
eu pude me desprender de tudo que me aprisionava aqui em baixo e me tornar
livre para ter um encontro real Contigo. Naquele momento pensei em oferecer-Te
as mais doces palavras, mas em meu coração tudo o que habitava era a dor da
existência. Eu via Seu amor em todas as coisas a minha volta, mas em mim, eu
não conseguia enxergar nenhum resquício dele. Tudo o que eu carregava nas
costas me deixaram cega para todas as coisas que o Senhor tinha reservado para
mim. Eu sabia que Seu amor existia, disso eu tinha plena convicção, mas eu
estava cansada demais para perceber que ele também se encontrava dentro de mim.
E meu barco estava a ponto
de naufragar. Eu, mais uma vez, me amedrontei com as ondas de dúvidas e com as
tempestades dos meus medos. Perdoa-me Pai. Pois, por um breve segundo, me
esqueci que estavas no meu barquinho. E então, tudo se dissipou; mostraste a
mim ainda, as constelações de Teu lindo céu e as profundezas de Teu imenso
amor. Foi aí, que entendi que não pedes nada mais que meu coração. Meus versos
podem não descrever-Te, mas em meus pensamentos vivo a imaginar-Te. És o verbo;
e desde agora para sempre escreverei: És Deus. Isso me basta, pois me faltam
palavras.
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